sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Caso Nuno da Silva
segunda-feira, 15 de abril de 2024
Refúgio
Sempre fui uma pessoa saudosista. Sempre fui muito de fotografar tudo para ter memórias físicas de todos os momentos. Mas desde que aconteceu aquilo ao meu filho, isso acentuou-se. Sempre consegui lidar com todos os problemas e obstáculos da vida sem fugir deles, enfrentando e arranjando soluções. Neste momento, continuo a fazê-lo o melhor que posso, mas algo mudou em mim. Não me sinto com a mesma força. Farei o que for preciso para que as coisas corram bem, mas a verdade é que sinto muita falta da fase da minha vida em que as minhas maiores preocupações eram ter boas notas e planear programas com os meus amigos. Sou da geração que viu nascer os Morangos com açúcar e nos últimos meses tenho andado a rever episódios. Duas das coisas que mais gosto de fazer são ler e ver séries, nenhuma das quais tenho conseguido, porque o meu poder de concentração não mo permite. E tenho-me refugiado nos Morangos porque não requer concentração, distrai-me e, principalmente, porque me remete para a fase da minha vida onde eu voltava sem pensar duas vezes: a adolescência. Acho que nem tinha bem noção do quão feliz era nessa altura. Só queria voltar a ter 14 anos, quando não existiam redes sociais, não tinha problemas financeiros, não tinha responsabilidades de vida adulta e só queria chegar a casa a horas de ver os Morangos com açúcar; sentir aquela excitação de início de ano lectivo por rever os colegas, ter cadernos giros e novos e canetas de gel com cheiro a melão e canela.
quinta-feira, 21 de março de 2024
É claro que...
Sabem aquela trend do tiktok "é claro que..."? Eu apenas uso o tiktok para ver conteúdo, não faço qualquer tipo de vídeo, mas decidi aderir a esta trend aqui no blog, de uma forma mais discreta.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que eu me sinto culpada por nunca me ter apercebido que algo estava mal.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que agora tenho muito mais medo de o perder.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que isso nos aproximou e me permitiu começar a ouvir mais vezes que ele me ama.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que foi um choque para toda a gente na nossa família.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que nunca pensei ser a mãe de um adolescente com depressão.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que nunca vou ter a certeza se ele está efectivamente bem.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que descobri que os adolescentes são incrivelmente mais tóxicos do que na minha altura.
O meu filho é um sobrevivente, é claro que faço tudo o que estiver ao meu alcance para o ajudar e proteger.
O meu filho é um sobrevivente... É claro que toda a gente ofereceu ajuda e prometeram estar sempre presentes e 6 meses depois, tudo parece ter caído no esquecimento.
sexta-feira, 1 de março de 2024
Da maternidade
Se me perguntarem como é a maternidade... posso responder que é das coisas que mais me preenche, que é a forma mais pura de amor. Mas isso é bastante redutor. A maternidade é um mundo. Onde cabem várias formas de parentalidade e diferentes aprendizagens. Onde crescemos com os nossos filhos e conhecemos um diferente tipo de medo. Ele anda sempre de mãos dadas com a maternidade. Medo de não sermos capazes de os preparar para o mundo e para as adversidades da vida; medo dos preconceitos de uma sociedade que ainda não aceita a diferença e não respeita a individualidade de cada um; medo dos predadores e da violência que ceifa vidas e cria traumas; medo das relações tóxicas e dos efeitos que podem provocar na saúde física e mental; medo que eles não tenham as ferramentas suficientes para enfrentar os obstáculos que, inevitavelmente, se lhes vão apresentar; medo que eles não se consigam sentir realizados, cumprir os seus sonhos e alcançar os seus objectivos. Medo de os perder. O desafio maior é aprender a viver com esse medo.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Da resiliência
Em adolescente, quando me meti na relação mais tóxica que já tive, que me deixou com alguns danos emocionais e problemas de confiança, senti que tinha sido o meu momento mais baixo. Uns anos depois, quando conheci o pai do meu filho, recuperei a autoestima que sempre tive, até nos separarmos, altura em que pensei que já não sabia estar sozinha e que não ia conseguir lidar com a separação. Até descobrir que estava grávida e a vinda do meu filho ter mudado isso. O nascimento do Leo foi das melhores coisas que me aconteceu, descobri que gosto muito de ser mãe e recuperei a minha autoconfiança. Foi o meu filho que me deu força para tudo e vê-lo crescer sempre foi algo que me preencheu muito. Uns anos antes de ter a Alice, quando passei pelo aborto, senti que tinha sido, depois de tudo, o acontecimento mais traumático da minha vida. Foi complicado, apanhei um médico completamente insensível no hospital, tive dores insuportáveis, sangrei imenso, sofri muito com a perda de um filho que tinha planeado e fui-me muito abaixo. Mas consegui recuperar e voltar a desejar ser mãe. Na gravidez da Alice, puseram a hipótese de ela ter síndrome de down e tive que fazer uma amniocentese. Foi uma angústia que, felizmente passou rapidamente, quando o resultado chegou e, não só nos disseram que estava tudo bem, como também o sexo da criança. O nascimento da minha filha foi mais uma lufada de ar fresco, que me fez transbordar de amor, por ela, pela nossa família, pelo carinho que o irmão mostrava para com ela. Dois anos depois, quando me disseram que havia a possibilidade de ela estar no espectro do autismo, caiu-me tudo novamente, por não fazer ideia como lidar. Porém, aceitei que ela precisava de ajuda, procurei e fiz tudo o que era preciso para ela ter o acompanhamento necessário. Veio a revelar-se que não era tão severo como julgavam e que era um atraso global no desenvolvimento, tendo as terapias e a escolinha feito maravilhas pelo desenvolvimento dela.
Apesar de todos os momentos mais baixos da minha vida, consegui ultrapassá-los todos, considero-me uma pessoa resiliente, segura de si, bem resolvida, optimista e capaz de lidar com as adversidades. Tudo características de que me orgulho em mim. Porém, em setembro, quando o meu filho tentou tirar a própria vida, questionei tudo. Foi, de longe, a pior coisa pela qual passei. Acredito, no fundo, que tal como tudo o resto, irei superar. Mas, caraças, como tem sido difícil... Ninguém nos prepara para isto. Não há nada que nos faça sentir mais impotentes do que a possibilidade de perder um filho. Vivo com medo o tempo todo. Não desejo isto a ninguém. Cuidem da vossa saúde mental e procurem sinais nas pessoas que vos rodeiam. A depressão é uma merda muitas vezes invisível, que pode causar muitos estragos.
sábado, 17 de fevereiro de 2024
Voltei?
Provavelmente estarei mais por aqui nos próximos tempos. Não sei se terei alguém a ler-me ainda, mas na verdade o meu regresso deve-se mais à minha necessidade de escrever do que de ser lida. Ainda assim, se ainda estiver alguém desse lado, obrigada. Estou de volta.
Caso Nuno da Silva
Sabem aquele concorrente do reality show Love On Top, o Nuno? Creio não ser novidade para ninguém, pois tem estado em todas as notícias e re...
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