Quando olho à minha volta, para as pessoas que me rodeiam, os meus amigos, os homens que vão aparecendo na minha vida, os casais que se juntam e se separam, a forma como as relações se desenvolvem, começo a pensar sobre o amor. A minha opinião não é sempre a mesma, confesso. Não consigo decidir se devo amar e deixar-me ser amada, ou manter a minha barreira protectora e afastar toda e qualquer hipótese de isso acontecer.
O amor não basta. Não me basta. Tudo o que é necessário para manter uma relação não aparece com facilidade. Ou, pelo menos, não se mantém com facilidade. O que é que procuro? Na verdade, não difere muito do que toda a gente procura. Em palavras simples e, para resumir, todos nós andamos em busca de alguém capaz de nos fazer felizes. Nos momentos em que me sinto sozinha, começo a ponderar a ideia de deixar alguém entrar, quebrar as minhas defesas e chegar até mim. Penso em como é bom ter alguém sempre presente para nós, que nos mime, que nos oiça, que precise de nós. Sim, tudo isso é verdade. E tudo isso faz falta. Mas… será que faz assim tanta falta?
Pondero também tudo o que implica começar uma nova relação, conhecer uma nova pessoa por dentro e por fora, explorar tudo o que daí possa advir. E começo a pensar, a fundo, o que é, para mim, a pessoa ideal, tudo aquilo que eu quero na pessoa que escolher para o meu futuro.
Alguém que me conheça, que me compreenda, que me oiça. Que tenha o ombro disponível para eu chorar quando preciso, que me apoie quando tenho razão e que me descomponha quando estou errada. Que conheça as minhas manias, até à mais irritante… e, ainda assim, não veja motivo para gostar menos daquilo que sou. Que seja capaz de amar e proteger o meu filho e servir de exemplo para ele. Que me ajude a crescer, que seja capaz de estar numa relação em que ambos sejam tanto professor, como aprendiz. Que seja capaz de ver um filme ou ouvir uma música e dizer que não faz o meu género ou que é a minha cara. Que conheça o meu gosto patético por romances lamechas e a minha tendência para corrigir os outros (erros ortográficos partem-me o coração). Que tenha uma boa dose de parvoíce e que seja capaz de me fazer rir. Alguém a quem não consiga mentir, que leia a verdade nas minhas expressões, que saiba o que vou dizer ainda antes de o fazer. Que conheça as minhas opiniões e que as respeite. Que não tenha medo de me dizer o que pensa e que esteja disposto a conhecer os meus amigos. Que não me julgue pelo meu passado, nem se guie por aquilo que ouve. Que seja sensato, maduro e tenha os pés bem assentes na terra. Que tenha uma boa noção de responsabilidade, mas que se saiba divertir. Companheirismo, amizade, paixão, cumplicidade, compreensão, lealdade, frontalidade, diversão.
E, depois de pensar em tudo isto, chego à conclusão de que não vale a pena procurar. Nem esperar que venha a mim. Agora, vejo que fiz bem em não deixar que entrassem, ainda que parecessem boas escolhas. Porque deixariam de o ser, mais tarde ou mais cedo. Provavelmente, mais cedo.