Sabem aquele concorrente do reality show Love On Top, o Nuno? Creio não ser novidade para ninguém, pois tem estado em todas as notícias e redes sociais nos últimos dias, a par da morte do Liam Payne, dos One Direction. O facto de ele ter tentado acabar com a vida do filho, a forma macabra como o fez e os motivos que, alegadamente, o levaram a esse extremo. Não o vou defender. Nunca irei defender quem atenta contra a vida dos próprios filhos, quando são crianças inocentes e indefesas, sem culpa nenhuma do trauma dos pais.
Posto isto... tem mexido bastante comigo as informações que têm passado cá para fora sobre a forma como este rapaz cresceu. Todo o historial de abusos por parte de várias figuras de referência, as várias tentativas de suicídio, as vozes na cabeça, a depressão, a incapacidade de lidar com tudo. Nenhuma criança devia passar pelo que ele passou, imagino o tamanho do trauma que isso causa numa pessoa e o quanto afecta o seu desenvolvimento e as suas capacidades sociais e de manter qualquer tipo de relação. O facto de ele afirmar que os filhos estariam melhor mortos para nunca passarem pelas mesmas atrocidades é profundamente perturbador, mas é também sinal de que, claramente, esta pessoa não passou pelo processo de cura após um grande trauma na vida.
É fácil para nós, que estamos de fora, dizer que nada justifica, que não tem perdão, que os filhos não têm culpa, que se estava mal devia procurar ajuda e por aí vai. E é tudo verdade. Contudo, por difícil que seja, é importante que consigamos perceber que não tendo uma saúde mental cuidada e não sendo uma pessoa estável psicologicamente, as coisas podem não ser tão claras, o discernimento não é o mesmo.
Quando o meu filho estava internado na pedopsiquiatria, ao mesmo tempo, estava lá um outro adolescente que atentou contra a vida da mãe. E vários deles lá estavam por terem tentado tirar a própria vida, tal como ele. O meu filho pulou da janela do quarto a meio da noite, no 2º andar do prédio onde nós vivíamos, quando um dos maiores medos dele sempre foram as alturas. Não podemos tentar entender o que vai na cabeça de alguém que não está mentalmente em condições. O que podemos e devemos fazer é procurar ajudar.
No caso do Nuno, se ele deve ser penalizado pelo que fez? Epá... Certamente que sim. É um crime, apesar de tudo. Mas não me parece que atirá-lo para a prisão seja suficiente, depois de tudo o que a criatura passou na vida. Deve ser punido, mas também tratado. Porque ele, claramente, está doente. Cada vez mais entendo que a saúde mental é uma coisa extremamente complexa. E todos precisamos cuidar dela com a máxima atenção, porque, sem nos apercebermos, podemos enveredar por caminhos sem retorno sem que ninguém à nossa volta se aperceba.
Pelo que li nas notícias vai para a prisão-hospital de Caxias. Pareceu-me uma pessoa como dizes sem o discernimento que teve um ataque de loucura. Isso também justifica ter ido para o café anunciar o crime. Uma pessoas destas é um perigo. Mais do que prisão, requer tratamento.
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