sábado, 28 de maio de 2011

Dor

Acordei, sobressaltada por mais um sonho amargurado. Abro os olhos e espero que se habituem à escuridão.

Levanto-me da cama e observo, prescrutantemente, cada traço, cada canto do quarto.

O livro que lemos juntos. A tua fotografia à minha cabeceira. A almofada que tem, até hoje, o teu cheiro. A pulseira que me ofereceste. Uma peça de roupa tua esquecida. A cama... a cama enorme e vazia, ainda moldada pelo teu corpo.

Fecho os olhos e deixo as lágrimas correrem livremente, permitindo, uma vez mais, que a dor me invada. Aquela angústia que me consome.

Dirijo-me à varanda, tentando fundir-me com a noite, libertando-me. De repente, uma luz intensa que surge e me cega e, no entanto, que me acalma. Deixo que a luz me encha daquela paz, apagando todos os meus problemas, as minhas angústias e todas as noites em que adormeci sobre a almofada humedecida das minhas lágrimas. Até que começa a desaparecer através da porta do quarto. Sigo-lhe o rasto, até ela desaparecer por completo, porta fora em direcção ao céu, ultrapassando a minha varanda, extinguindo-se lá no alto.

Contemplo a noite e vejo-me estendida na estrada. Morta. Onde finalmente encontrei solução para tudo...

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Refúgio

Sempre fui uma pessoa saudosista. Sempre fui muito de fotografar tudo para ter memórias físicas de todos os momentos. Mas desde que acontece...