segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sacrifícios de mãe solteira

Quando existe uma criança entre duas pessoas que estão separadas, a pessoa que fica com a guarda da criança é sempre penalizada. Se alguma vez pensei na hipótese de o meu filho ficar com o pai? Não. Nunca. Nunca, nem por um único momento. Não seria capaz, viveria sempre ansiosa se não o tivesse comigo. Isto é um facto irrefutável.

No entanto, a verdade é que ter uma criança sempre dependente de mim afecta tudo o que eu poderia ter feito e não fiz. Não posso dizer que me arrependo, o meu filho é o que de melhor tenho e é a minha força, sempre que me vou abaixo por qualquer motivo.

Posto isto, o pai da criança emigrou quando ele tinha dois anos. Fez a vida dele lá. Tem um trabalho na área dele. Ganha bem. Viaja. Sai quando quer. Vai onde quer. Não tem ninguém a depender dele todos os dias. Não tem que conjugar horários com os de uma criança. Não tem rotinas obrigatórias. 

Eu? Estou no mesmo sítio onde estava há 6 anos atrás, pouco do que tinha planeado e sonhado foi concretizado. Trabalho temporário, fora da minha área, não viajo, não saio, raramente compro seja o que for para mim, tenho a vida estagnada. E como tenho pouco, o que tenho é direccionado para que o meu filho tenha o melhor que lhe posso dar e para que não lhe falte nada.

Fico feliz e de coração cheio olhando para tudo o que o meu filho já passou. Desde o nascimento, quando foi vestido com aquela roupinha fofa amarela, passando pelos primeiros passos, as primeiras palavras, os primeiros sorrisos, os dentinhos a romper, a aquisição de novos gostos e apetites, o momento em que largou a fralda e a chucha, a entrada no infantário, os aniversários, as brincadeiras, os amiguinhos, as palhaçadas, a entrada na pré... e todas as suas características que o tornam quem é e o lindo rapazinho que me cresce todos os dias diante dos olhos. Ele preenche-me.

Mas, para além do meu filho, a única coisa que tenho é o meu noivo. Sim, também tenho pais que me dão toda a ajuda que podem (que é muita).

Mas... Passo metade do mês sem dinheiro. Quando tento juntar para qualquer coisa (como o casamento), acabo por ter que usar o dinheiro. Roupa não compro, cinema é um luxo, jantar fora sai caro, ir onde quer que seja é dinheiro que não posso gastar. Existem tantos sítios (mesmo dentro do país, já nem falo em viajar para fora) onde gostava de ir, tantos planos que tenho, tanta vida por viver. E vejo o tempo a passar e tudo a ficar para trás.

3 comentários:

  1. Eu sei que custa, que é doloroso, mas infelizmente a vida está difícil. Força.

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  2. A vida é mesmo complicada =/ Não deve ser nada fácil e bem sei que mais de metade da população portuguesa passa pelo mesmo...espero que o futuro te sorria =)

    Beijinho*

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  3. Acredito que não deva ser fácil mas nunca deixes de sonhar e de lutar por aquilo que queres. Força! Beijinhos*

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