A minha mãe, fofinha que só ela, escreveu isto para mim, porque, apesar de já não ser criança, vou ser sempre a criança dela. Aqui partilho convosco este mimo e digam-me lá se não é lindo. Mãe mais linda!
MENINA BONECA
Só a mãe trabalhava e portanto não foi planeada
No entanto a vida estava a querer mostrar mudança
O pai arranjou trabalho, começou uma nova fase
E desde sempre foi uma bebé desejada
Éramos novos, a vida nem sempre corria bem
Com altos e baixos e enjoos da mãe
Muito sono e muita azia, mas sempre a trabalhar
Com colegas de trabalho que passaram a apoiar
E nove meses passaram, num instante e a correr
A mãe cheia de medo, ao hospital foi parar
E a menina boneca nasceu, com o pai a ajudar
Com tudo a correr bem, o pai toda a noite a festejar
Logo de início se viu que devia sair ao pai
Muito ZEN e sem chorar, dormiu 16 horas seguidas
Começou cedo a cair por sempre estar a mexer
Mas era uma bebé simpática a mudar as nossas vidas
Por dificuldades várias, três anos em casa com a mãe
Passámos necessidades, mas acho que lhe fez bem
Passeatas de comboio e no jardim a brincar
Tanta ferida nos joelhos por nunca querer parar
Comecei a trabalhar e os horários sem condizer
Pai de dia, mãe de noite e o casamento a tremer
Mais uma fase difícil que sem ela perceber, lá passou
E de novo num instante a fase da escola chegou
Gordinha como a mãe e muito calma como o pai
Se gozavam não ligava, estava sempre na dela
Brincava com toda a gente que gostava e podia
Sempre feliz e contente passava o seu dia-a-dia
Quando nasceu a mana ficou toda feliz
Queria fazer de mamã, a toda a hora a ajudar
Nunca mostrou ciúmes e brincava muito com ela
E até nas suas festas ela a deixava participar
Chegou a idade do ciclo com amores e desamores
No início não escondia, era tudo natural
Fosse com mãe, o pai ou a irmã ou mesmo todos juntos
Lá começava ela a chorar quando algum corria mal
Com a idade a passar começava a agravar
Pois já escondia mais coisas do que seria de esperar
Tinha passado a fase de “tudo eram maravilhas”
E as asneiras cresciam como ervilhas
Arranjou um namorado e ao fim de algum tempo
Quis ir viver com ele para o Porto, não havia muito a fazer
Era maior, podia decidir e com muita dificuldade, lá apoiámos
A casa ficou mais triste, chorámos, mas continuámos a viver
A coisa não correu bem, começámos a perceber
E ajudados por uma amiga, chegou a hora de a voltar a receber
Porém não vinha sozinha, trazia na barriga um rebento
Sem trabalho, sem estudos acabados, claro não reagi bem
Sofri, chorei mas mais uma vez o pai a animar e a dar alento
Tudo iria correr bem e o que importava era a saúde
Lá me convenci, mesmo sabendo que vida dela se ia alterar
Tudo foi compensado com a chegada do Príncipe, lindo
E nova etapa começa para ela, sendo mãe e a trabalhar
Mais uma vez com altos e baixos, dias piores e melhores
A vida vai correndo até que arranja novo namorado
Ao fim de algum tempo foram viver juntos como casal
E nova tristeza aqui se instalou, parecendo tudo vazio e banal
Continuam juntos, parecem dar-se bem
Às vezes com trabalho outras vezes sem ele
Às vezes com dinheiro, outras vezes sem ele
E sempre com muitas dificuldades
Apesar das rasteiras que a vida já lhe passou
E dos dias de melhor ou pior humor
Ainda se dispõe a ajudar quem mais precisa
Dedicando ao que faz o seu tempo e amor
O tempo voa, rápido, é levado da breca
Mas mesmo com dias mais sombrios na vida
E tendo-se tornado também mais selectiva
Ela continua a ser a menina Zen e positiva
Continua a ser a nossa MENINA BONECA
Lindo mesmo... Palavras sentidas da tua mãe... Um beijinho para as duas :)
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