Aproveitava um momento de descanso da Alice para começar o caderno de saúde dela, como tenho para o meu filho, onde aponto tudo o que está relacionado com este tema. Consultas, análises, exames, medicação, alergias, diagnósticos, antecedentes clínicos, recomendações médicas, tudo o que possa considerar relevante. Quando a minha bebé dorme, faz-se um silêncio cá por casa, que me deixa pensar (coisa que não é possível quando ela abre a goela 😂). Ao fazer isto, apercebi-me de que esta é uma das coisas que mais aprecio em mim. E dediquei-me a um exercício que já não fazia há muito: perceber o que é que gosto e não gosto em mim mesma. Decidi partilhar convosco e descobrir se há por aí alguém que se identifique.
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Ser organizada - Gosto de ter tudo bem organizado na minha vida, tenho a certeza que já referi isto aqui. E sinto que isso é uma qualidade, pelo menos para mim, que me ajuda no dia-a-dia. Algumas coisas são só para satisfazer a minha necessidade ligeiramente patológica de organização, como ter metade do armário com roupas do Bruno (por uma ordem - primeiro casacos, depois camisas e depois calças) e a outra metade com as minhas (novamente por uma ordem - casacos, depois vestidos) em vez de ser tudo misturado ou ter o frigorífico arrumado de uma determinada maneira. Outras são coisas que, de facto, me ajudam, como ter pastas e dossiers com micas que me servem para separar tudo (facturas das contas, contratos de trabalho, recibos, notas de liquidação do IRS, coisas relacionadas com finanças e segurança social, exames médicos); ou ter uma lista de livros que quero adquirir para não me esquecer e ir riscando à medida que os compro; ter o frigorífico cheio de post-its com lembretes de coisas que tenho para fazer e de consultas e exames médicos; ter apontado a imensidão de séries que acompanho, para ir riscando que episódios já vi, caso contrário, acabo por me perder; ter estes cadernos e agendas para anotar as questões de saúde dos meus filhos; para apontar datas importantes que não quero esquecer; para relembrar aniversários; para não esquecer informações importantes, como NIB para pagar a renda ou números para aceder virtualmente a sites que me interessam.
Ser maternal - Mesmo antes de ter filhos, sempre adorei lidar com crianças. Sempre me senti à vontade com elas e nunca foi um frete tomar conta da minha irmã ou dos meus primos. Sempre foi algo que fiz com gosto e, penso eu, jeito para a coisa. Acho que nunca senti medo de pegar em bebés. Quando o meu filho nasceu, vieram imensos receios com a maternidade, obviamente, mas sempre senti que aquilo me fazia bem, que gostava realmente de ser mãe. Poder agarrar no meu bebé, acompanhar todas as etapas do seu crescimento, poder ter a oportunidade de educar e amar um ser humano desde o seu nascimento, ajudá-lo e protegê-lo, ensiná-lo, responder às suas infinitas perguntas e encher-me de orgulho com todas as conquistas, derreter-me com todos os sorrisos e transbordar de amor com cada abraço e cada beijinho. Com a Alice, quase 10 anos depois, o sentimento é o mesmo. Gosto de lhe dar mimo, de lhe acalmar o choro, de a segurar encostadinha a mim, de lhe sentir o cheirinho a bebé, de poder desfrutar de cada boquinha, cada careta e cada movimento que ela faz. Gosto de sentir que estou à vontade nisto de cuidar de uma criança, mesmo quando elas nos deixam os cabelos em pé.😂
Saber ouvir - Desde os tempos de escola, que isto sempre foi uma característica que todos reconheciam em mim. Prefiro mesmo escutar do que falar. Até houve uma altura durante a minha vida escolar em que meti na cabeça que gostaria de ser psicóloga. E, na verdade, apesar de a minha paixão ser trabalhar com crianças, acho, ainda hoje, que seria interessante trabalhar em psicologia. Quando vêm falar comigo, oiço com atenção. Por vezes, ao conversar ou desabafar com alguém, ficamos com a sensação de que a pessoa está em modo off, completamente desligada do que lhe estamos a dizer. Comigo, acho que isso não acontece, porque presto atenção ao que me dizem. Quando procuram conselhos, tento dá-los como me parece melhor, mas quando não, limito-me a ouvir, porque, por vezes, é só disso que precisamos.
Não guardar rancor - Sei que existe alguma dificuldade, para algumas pessoas, em deixar de lado certas coisas, esquecer, perdoar, seguir em frente. Às vezes, até coisas pequenas. Eu fervo muito, mas nunca guardo, falo sempre, não fico a remoer em nada, porque, simplesmente, não consigo, caso contrário, sinto que vou explodir, fico super inquieta. Se sentir necessidade de falar sobre isso, tenho que o fazer. E, por muito chateada que esteja com alguém ou alguma coisa, não guardo rancores. Facilmente me acalmo e deixo de estar aborrecida. Não esqueço, mas tenho tendência a querer que tudo fique bem e, como tal, naturalmente deixo de me sentir enraivecida com o que me estava a incomodar.
Saber adaptar-me - Ao longo dos meus 30 anos de vida, passei por escolas diferentes, empregos diferentes, ambientes diferentes e conheci muita gente. Com personalidades e vivências diferentes também. Consigo dar-me facilmente com pessoas que nada têm a ver umas com as outras e inserir-me em grupos com ambientes muito diferentes entre si. Penso que seja porque consigo adaptar-me àquele momento, àquele grupo, àquelas pessoas. Sei que há comportamentos e conversas que posso bem ter com uns, mas não com outros e vice-versa. Eu sou sempre a mesma, mas em mim existem várias vertentes. Sinto que tenho uma maneira de ser versátil, se assim se pode dizer. Costumava sair à noite com muita frequência, mas, ao mesmo tempo, apreciava da mesma forma um serão calmo por casa, um cinema, um passeio sem grandes multidões. Sempre tive gostos musicais muito abrangentes, pelo que me identificava com vários géneros. Sempre gostei de me embonecar toda, mas, da mesma maneira, andar super confortável e sem grandes enfeites. Sempre adorei ler, mas nunca deixei de me sentir à vontade com pessoas que detestam ler e que não entendem este meu hobbie.
Saber ignorar - Sempre fui muito defensora das minhas ideias e dos meus gostos, nunca deixando de fazer o que queria, nem vestir o que gostava, só porque podiam gozar comigo ou porque me olhavam de lado. E isso acontecia, de facto. Só que nunca me incomodou. E continua a não me incomodar. Opinião alheia vale zero para mim nesse aspecto. Não acho que ninguém tenha o direito de condicionar as minhas escolhas pessoais, nem julgar qualquer característica minha (física ou não). Sei que, em teoria, toda a gente é capaz de pensar isto. Contudo, na prática, nem todos são capazes de o pôr em prática. Eu sou. E ainda bem, porque sinto que sou mais feliz assim.
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Querer tudo na hora - Tenho ideias e objectivos que gostava de ver cumpridos mais rápido do que é possível. Metas que queria alcançar no imediato. Sou um pouco impaciente quanto a ter que esperar para ter algo que quero. Nunca fui habituada a ter tudo logo no momento, no entanto, chateia-me muito, desde sempre, esta coisa da espera. Seja porque não depende só de mim, porque não tenho tempo ou dinheiro ou porque, simplesmente, seja qual for o motivo, não é possível lá chegar antes.
Procrastinar - É um pouco contraditório, mas da mesma forma que quero tudo feito na hora, também tenho o péssimo hábito de procrastinar tarefas que sei que tenho que fazer. E sei que, eventualmente, vou ter mesmo que fazê-las, não irão desaparecer só porque estou a adiá-las, mas acabo por procrastinar na mesma, seja por pura preguiça, ou porque concretizar essa tarefa implica fazer qualquer coisa que não gosto ou apenas porque vou colocando outras coisas à frente.
Ter sempre sono - Há 10 anos, antes de ter o meu filho, necessitava de poucas horas de sono. Aguentava mais tempo acordada fosse em que circunstância fosse. Depois de ter o Leo, tudo isso mudou. Adormeço em qualquer lado, a qualquer hora, não importa quanto tempo tenha dormido. Não posso dizer que não me vou deitar porque não tenho sono, isso não existe para mim. Porque sei que, se me for deitar, vou, sem dúvida, adormecer. Sempre! E se estiver a cair de sono, até em pé adormeço. Verdade. Já aconteceu! E isto é extremamente incómodo para mim. Detesto. Primeiro, acho que dormir é um verdadeiro desperdício de tempo útil. E depois, é chato querer manter-me acordada para qualquer coisa que possa querer fazer naquele momento e não conseguir!
Querer fazer tudo em simultâneo - Acabam por ficar feitas, mas demoram mais tempo. Tenho tendência a começar várias coisas por me cansar da primeira que comecei a fazer. Chego a estar a lavar a loiça, a escrever qualquer coisa aqui no blog, a preparar qualquer coisa para comer, a procurar qualquer coisa na net, a dobrar roupa... tudo ao mesmo tempo. Acabo por terminá-las, mas seria, certamente, mais rápido se começasse e acabasse uma tarefa antes de iniciar a próxima. Um hábito que já vem de há algum tempo e ainda não consegui mudar.
Ser preguiçosa - A preguiça é uma característica minha desde que me lembro de ser gente. E se, por vezes, sinto vontade, no meu íntimo, de ter alguma coisa feita, por outro lado, a preguiça não me deixa tirar o rabo do sofá e penso sempre que fica para depois, porque não me apetece. É como cozinhar... acabo muitas vezes a encomendar (quando posso, que a malta também não é rica) ou a comer umas tostas, fruta ou bolachas, porque não me apetece fazer. Chego a fazer qualquer coisa em pequena quantidade só para o meu filho, porque a ele tento sempre dar de comer em condições. Outro exemplo é a roupa que se vai acumulando cá por casa. Vou lavando porque temos que a vestir, mas dobrar e passar a ferro e algo que vai ficando sempre para segundo plano. Às vezes, algo tão simples como vestir e calçar para ir ao café ou à mercearia me dá preguiça! Shame on me.
Ser gulosa - Sempre tive dificuldade em controlar este lado, sou mesmo gulosa e se me derem qualquer coisa de que goste verdadeiramente é um vê-se-te-avias para não comer demais! Dêem-me mousse de chocolate, tiramisú ou serradura e eu, praticamente, não como. São coisas a que não ligo. Mas se me trouxerem pudim, pastéis de nata ou bolachas de limão, oh-meu-deus! Todos sabemos que não devemos abusar nos doces, mas a gulosice é lixada, digo-vos eu.
Minha querida, estou de boca aberta. Com excepção de ter sempre sono, acho que somos muito parecidas. Mesmo muito.
ResponderEliminarÉ bom saber que não estou sozinha :p
EliminarTambém sou super organizada e planeio tudo.
ResponderEliminarMas nem sempre corre como quero =P
Beijocas
Acho um óptimo exercício, pormos a nós mesmas em perspectiva e analisar o que somos, e o que gostamos ou não na nossa personalidade :)
ResponderEliminarp.s - os nossos "defeitos" são muito iguais XDD
Beijinhos ^^
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