domingo, 15 de janeiro de 2017

A maternidade e a vida social

O livro que acabei de ler hoje, em determinado momento, descrevia como uma de duas amigas se sentia relativamente à relação de ambas após a outra ter sido mãe. E deixou-me a pensar. Aqui, a mulher que não tinha filhos sentia-se frustrada pelo facto de a maternidade ter afectado a sua amizade com a outra. Sempre que queria falar com ela, não conseguia, por ser difícil conciliar os horários. A mãe só tinha disponibilidade durante a tarde, quando a filha dormia a sesta e a amiga estava a trabalhar. Por outro lado, a que não tinha filhos, preferia falar à noite, quando já tinha saído do trabalho e era mais complicado para a amiga, pois tinha que tratar da filha ou já estava a dormir. Frustrava-a o facto de já não poderem usufruir da espontaneidade de uma amizade sem a responsabilidade da maternidade. Intrigava-a como as mulheres com filhos podiam abdicar de tanto tempo da sua vida para dedicar aos rebentos. A verdade é que sei que há, realmente, mulheres que pensam como esta personagem. Que não entendem como há outras que podem querer aceitar noites em branco e tudo o que acarreta a maternidade. Mas é um exagero como, por vezes, isto é descrito. Como se todas as mães andassem sempre mal vestidas, com roupa desleixada, despenteadas, desistissem da maquilhagem, do ginásio e dos maridos. Como se ser mãe significasse, automaticamente, não ter amigos, nem vida social. A realidade é que ser mãe muda a vida de uma mulher, não vamos negar. Passamos a estar condicionadas. Mas não temos que nos transformar em zombies de nódoas na roupa e olheiras, com miúdos ranhosos e a casa de pantanas só porque somos mães. A partir do momento em que tive o meu filho, senti na pele as mudanças que isso traz. E, certo, há amigos que se afastam quando surge uma criança. Mas penso que isso pode ser uma coisa boa. Serve para filtrarmos as nossas amizades. E vemos quem vale a pena ou não ficar na nossa vida. Não vou negar que fiquei muito mais sozinha depois de ser mãe, mas isso mostrou-me que essas pessoas, que eu tive por amigos, não o eram na verdade. Porque se afastaram quando deixei de estar sempre disponível. A minha melhor amiga continua a conviver comigo regularmente, por exemplo. Já não posso sair sempre que me apetece, em qualquer altura do dia/noite, sem restrições. Mas as coisas fazem-se. Basta querer.

1 comentário:

  1. As pessoas são um pouco exageradas e pessimistas. É só deixar a vida acontecer, com calma e alegria. Acho.

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