domingo, 21 de fevereiro de 2016

Bateu a saudade


Eu sou uma pessoa muito contraditória, com sentimentos assim a roçar o bipolar mesmo. Se, por um lado, sou bastante fria, não sinto muito a falta das pessoas e, para dizer a verdade, passo bem o meu tempo sozinha e isolada... por outro lado, sou muito nostálgica e tenho saudades de muitos momentos do meu passado. É que, sabem, eu nem sempre fui este bloco de gelo. Até um certo ponto da minha vida, era uma pessoa carente e pegajosa, muito dada e sociável, sempre com alguma coisa para fazer, cheia de pessoas à minha volta e uma facilidade incrível em fazer amigos. Actualmente, já de há uns anos a esta parte, tornei-me fria, distante das pessoas e, apesar de me dar bem com toda a gente, não faço amigos com facilidade. Não tenho problemas em falar com as pessoas, adapto-me a qualquer tipo de grupo e tudo o mais. Mas amigos? Nem por isso. Pouco me interessa sair por aí e ter uma agenda preenchida. Não gosto muito de contacto físico, tipo abraços e beijos e mesmo apenas estarem a falar comigo e constantemente a tocarem-me. Costumava considerar-me uma pessoa extrovertida e agora constato que já não o sou. Tenho saudades da escola. Saudades de ter um grupo grande e unido de amigos. Saudades de ser tão fácil brincar e rir com eles. Saudades de andar por aí sem fazer nada de jeito, só mesmo a ser parva. De todo o mar de pessoas que faziam parte da minha vida, só me restou verdadeiramente uma amiga. Amiga mesmo. Como? Como é que pessoas que fizeram parte da minha vida durante anos acabaram por ser estranhos para mim? Não existe qualquer relação entre nós, nem assunto caso nos encontremos. Temos todos a nossa própria vida e eles não se encaixam na minha. Tenho saudades dos nossos momentos. Todos eles. Mas não posso dizer que tenho saudades das pessoas. Tenho, sim, daquilo que éramos. Acho que tenho saudades de mim mesma. Daquela pessoa que costumava ser e que se perdeu algures pelo caminho.

6 comentários:

  1. As últimas frases são um excelente resumo do que disseste. Tenho essa mesma sensação em relação a mim própria. Será algo que acontece a toda a gente ou só a alguns?

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  2. Inês, pois... possivelmente, é comum a muita gente. O pior é que só temos essa noção depois de o tempo ter passado e não é uma coisa facilmente reversível.

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  3. Consigo ver no teu texto a minha pessoa. Também fui perdendo pessoas pelo caminho mas as mais importantes ficaram e é isso que importa. Penso que vai acontecendo a todos, mais a uns que a outros.

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  4. A maior parte das vezes, as amizades perdem-se porque evoluímos em direcções completamente diferentes e deixamos de ter tantos pontos em comum... mas vão surgindo novas amizades pelo caminho (=

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