quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Um murro no estômago

Hoje fui ao funeral da avó da minha melhor amiga. Tinha 88 anos. Estava já debilitada. Tinha dificuldades em andar. Sim, era o esperado. Sim, todos sabíamos que ia acontecer, um dia. Mas isso não torna a perda mais fácil. Ela vivia em casa deles. Conheço a minha melhor amiga há cerca de 15 anos e sempre me lembro da presença da senhora lá em casa. Foi tão... pesado. Há anos que não ia a um funeral. E ver pessoas que me são próximas a sofrer é tão... que palavra usar para descrever? Aflitivo? A mãe e a irmã dela a chorar. Abraçá-las e senti-las a soluçar. Sabemos que é a lei da vida, mas, caramba, se custa. A sobrinha mais velha da minha amiga, com 7 anos, está a ter muita dificuldade em aceitar. Escondeu-se debaixo da secretária a chorar. Fez um coração de papel quando lhe deram a notícia e não o largou durante horas. A senhora levou-o com ela no caixão. A mais pequenina, de 5 anos, viu as flores que a família ia levar para o funeral e disse que a avó ia gostar delas. E, quando lhe disseram que ela não podia vê-las, porque tinha morrido, ela respondeu que a avó ia sentir o cheiro. A sério, é de partir o coração. A minha amiga ficou à entrada do cemitério, porque já não suportava ver aquilo de perto. Esteve com ela no velório e assim que veio o carro funerário, não aguentou mais. E eu fiquei com ela, à porta, a assistir de longe, em silêncio. E foi assim que a avó da minha amiga se despediu deste mundo. Num dia que começou escuro, escuro do nevoeiro, em que o sol abriu para vê-la partir.

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