segunda-feira, 9 de março de 2015

Pai vs Padrasto

Está a chegar o Dia do Pai. O meu namorido está presente na nossa vida desde 2011, mas apenas a fazer o papel de pai desde Junho de 2013, que foi quando começámos a viver como uma família. Ou seja, ainda só passámos por um Dia do Pai juntos, no ano passado. O meu filho ainda andava no infantário, fizeram apenas um desenho para o pai, que eu entreguei ao pai dele e depois fiz um postal em conjunto com ele para entregarmos ao "pai emprestado", como ele diz. Este ano, o meu filho já está na escola. Está na pré, mas inserida na escola primária. E já fazem prendinhas e coisinhas para os dias temáticos. Ainda agora, no Dia da Mulher, me trouxe um ramo de flores feito com materiais por ele na escolinha. Estando a aproximar-se o Dia do Pai, coloca-se uma questão que me está a fazer alguma comichão. Se ele fizer uma prendinha, a quem deve entregar? Também se põe aqui o facto de o pai estar emigrado e só vir cá uma ou duas vezes por ano. Ele está longe, mas fala com ele de vez em quando, envia dinheiro, interessa-se por saber tudo dele, do dia-a-dia e das conquistas dele. No entanto... isso, apesar de importante, não é tudo. O "pai emprestado" está presente na vida dele todos os dias. O "pai emprestado" sustenta-o e acompanha-o presencialmente. O "pai emprestado" está cá para levá-lo a cortar o cabelo, levá-lo à escola todos os dias, cuidar dele quando está doente, dar-lhe banho, fazer-lhe o jantar. O "pai emprestado" vai às reuniões da escola, acompanha a febre das colecções de cromos do futebol e das cartas dos Invizimals, assiste às aulas de natação e de ginástica, presencia as pequenas vitórias. O "pai emprestado" foi quem o levou ao hospital quando teve um princípio de pneumonia e foi quem esteve sempre do nosso lado quando ele esteve internado com uma meningite viral. É também ele que falta ao trabalho, se for preciso ficar com o pequeno por estar doentinho. O "pai emprestado" conhece bem as rotinas dele, sabe a quantidade de comida a pôr-lhe no prato e sabe quais são as comidas preferidas. Conhece-lhe as manhas e o feitio. O pai biológico emigrou por uma vida melhor, por uma oportunidade de trabalhar na área dele e ganhar melhor. O pai biológico manda dinheiro todos os meses, paga metade das despesas médicas e das actividades extracurriculares. O pai biológico acompanha tudo através do telefone, das fotos e dos vídeos. O "pai emprestado" abdica das suas prioridades e oportunidades, que foi o que eu, enquanto mãe, sempre fiz. O pai deixou-o comigo e foi fazer-se à vida, nunca deixando que o facto de ter um filho "atrapalhasse" o seu rumo. E eu tive que adaptar a MINHA vida em função do meu filho. O "pai emprestado" faz exactamente o mesmo que eu. Afinal de contas, quem é que merece a prendinha que ele traz da escola destinada ao pai?

2 comentários:

  1. São situações complicadas, acho que o melhor é refletir com o pequeno a quem ele prefer dar e depois quem sabe fazer algo em casa para dar ao outro pai ;)

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  2. É uma situação complicada mas acho que deve ser o pequenino a escolher por ele :) O que ele não escolher podiam fazer uma prendinha como no ano passado ;)

    Beijinho*

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Sempre fui uma pessoa saudosista. Sempre fui muito de fotografar tudo para ter memórias físicas de todos os momentos. Mas desde que acontece...