quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Voltar sozinho da escola

Neste tema, vejo que as opiniões se dividem muito. Eu faço parte do grupo que não é capaz de deixar o miúdo andar sozinho na rua. Já ficou em casa durante 10 ou 15 minutos sozinho, assim já crescidinho, quando já podia ligar para nós ou bater à porta de um vizinho, se precisasse de alguma coisa. Já o deixo ir à mercearia comprar pão diariamente, mas a loja é no prédio ao lado do meu, portanto, literalmente, a dois passos de casa. E, na loucura, deixei-o ir uma ou duas vezes a um take away ali do outro lado da estrada, sempre com mil avisos e a vigiá-lo da janela.

Quanto à escola, eu sei que ele sabe perfeitamente o caminho. É a poucos minutos de casa e há miúdos aqui na zona circundante que vão e/ou voltam sozinhos. Mas preocupa-me muito que ele se esqueça de olhar para os lados ao atravessar a estrada. Ou que olhe, mas, ainda assim, por descuido de algum condutor, aconteça uma desgraça qualquer. Ou, ainda, que alguém o leve. Isso assusta-me imenso. Sinto-me doente e com dores de estômago só de pensar numa coisa dessas. Acho que seria incapaz de deixá-lo fazer esse percurso sem estar sempre com o coração nas mãos. Sem o ver entrar na escola, saber que ficou lá seguro.

Antigamente, andávamos mais à vontade na rua. Eu sei que sim, tenho essa noção e é nisso que algumas pessoas se baseiam para se permitirem fazer o mesmo com os filhos. Ganham alguma responsabilidade, sentem-se mais crescidos e ficam mais autónomos. Isso é tudo muito verdade, mas nada disso me vai descansar o coração se algo lhe acontecer nesses minutos. E tenho sempre a sensação de que agora há mais perigos à espreita do que há 20 ou 30 anos. Penso que também influencia esta decisão o sítio onde se vive. Eu não vivo numa cidade grande, mas também não moro numa aldeia onde toda a gente se conhece. É uma vila com movimento suficiente para me causar estes medos.

E por aí qual é a opinião?

9 comentários:

  1. Não tenho filhos mas consigo perceber perfeitamente a aflição de uma mãe e de um pai em saber que o filho anda sozinho na rua e pode acontecer mil coisas. Acho que se trata de um processo gradual. Para já ele só faz isso sozinho daqui a uns tempos até poderá ir em grupo para escola, depois já pode ir sozinho ter com um amigo ao parque mais perto... Não sei. Os filhos não vão ficar para sempre debaixo das asas dos pais, mas coração de mãe e pai não vai sossegar, mesmo quando ele já tiver 25 anos!
    https://jusajublog.blogspot.com/

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    1. É verdade, o meu vai a caminho dos 10 e penso que a aflição dos pais é eterna. As preocupações mudam conforme a idade. As que tenho agora não serão as que terei quando ele tiver 20 anos. Mas certamente que terei outras! :P

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  2. Não tenho filhos, mas percebo a aflição que uma mãe deve ter hoje em dia com tantos perigos que existem. Eu só comecei a ter mais liberdade para andar sozinha aos 14/15 anos, até lá, eram sempre a minha mãe que me levava à escola. Na altura, lembro-me de pensar o quão chato era, de querer ser como os meus colegas, que já iam para a escola sozinhos desde os 8 anos. Mas agora compreendo perfeitamente esta atitude dos meus pais: nessas idades, de facto, os miúdos não têm maturidade para avaliar bem um perigo, para perceber quando podem atravessar uma estrada, se o carro está muito longe ou não, se há alguém que os está a seguir, entre muitas outras coisas, além do risco acrescido de serem raptados.
    Beijinhos

    Blog: Life of Cherry

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    1. Eu também fui a menina que era levada pelos pais à escola até tarde, mas não me ralava muito. Eles sempre me deram liberdade, queriam era saber onde eu estava, o que percebo agora perfeitamente. Não saberes onde está o teu filho deve ser uma grande preocupação. Ser mãe é isto, realmente. Andar sempre com o coração nas mãos :P

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  3. Não sei como vou ser como mãe, mas eu e a minha irmã íamos sozinhas de autocarro (que parava à porta da escola) aí desde os 6 ou 7 anos. Claro que o facto de o autocarro parar em frente da nossa casa e parar em frente da escola ajudava. Claro que o facto de o motorista ser conhecido da família e nós nos sentarmos sempre atrás dele também era determinante... mas acho que, a partir dos 8 anos ou assim, devemos MESMO confiar nos nossos filhos. Hoje em dia o que mais se vê é crianças que não podem fazer nada sozinhas e que, por consequência, se tornam em adultos pouco desenrascados. Não pretendo criar um menino 'atadinho', desculpem a expressão.

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    1. Pois, são factores que influenciam! E isso de confiar nos filhos também vai da maturidade que tu vês que eles têm (ou não). Eu acho bom eles serem desenrascados e independentes. E ele gosta muito de ir ao pão sozinho :) mas aqui o que me preocupa mais, sinceramente, não é ele. É que não é só uma questão de confiares no teu pequeno, mas teres que prever que ele não está sozinho na rua e que a sua segurança não depende só da sua responsabilidade.

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  4. São receios fundamentados e compreensíveis! A minha mãe também era assim!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

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  5. Concordo, cada vez há mais perigos...
    Beijinhos,
    https://chicana.blogs.sapo.pt/

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  6. Eu entendo os teus receios, porque hoje em dia é tudo meio maluco.
    Eu tenho 19, mas quando tinha 12 anos vinha frequentemente embora da minha escola básica com os meus amigos. Moravamos todos para os mesmos lados e posso dizer que eram os melhores momentos do dia. Claro que em vez de demorarmos 30 minutos, demorávamos uma hora, porque vínhamos a falar. Era tão engraçado e tenho muitas saudades desses tempos. Tenho amigas com irmãs que não fazem o que nós fazíamos e que os pais vão buscar de carro, mas sinceramente acho que é importante para crescer e ganhar responsabilidade.

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