domingo, 28 de fevereiro de 2016

Amor adolescente

A propósito de coisas que vejo no facebook, reparo o quanto a minha visão do amor mudou com o passar dos anos. Nem sempre acontece, existem pessoas mais sonhadoras e românticas do que outras e que vêem o amor sempre com os mesmos olhos com que viam na adolescência. Eu já fui muito mais das duas. Mudei muito depois de ter o meu filho e isso reflectiu-se em vários aspectos. Sensivelmente até ser mãe (que nada teve a ver com a minha mudança na visão do amor, mas apenas porque coincidiu com outros acontecimentos na minha vida), era uma romântica incurável. Teria, certamente, também a ver com a idade, a adolescência e a intensidade com que as coisas se vivem nessa altura. Tinha uma visão que agora considero pouco realista, mas que continuo a ver por esse facebook fora. Quando estão numa relação, é todo um amor, toda uma paixão assolapada, declarações de que será para sempre e de que foram feitos um para o outro, certas de que nada os irá separar e que o amor entre eles é mais forte do que tudo, capaz de superar qualquer obstáculo. E o mais curioso é que ainda vejo isto em algumas pessoas que já passaram largamente a idade do armário e, pior, que mudam de amores muito rapidamente. Um dia, é esta loucura com alguém, dali a uma semana, afinal, já é outro que lhes arrebata o coração para sempre. Hoje em dia, sou feliz com a pessoa que amo incondicionalmente, que está comigo há 4 anos. Já passámos por uma série de coisas e ainda estamos juntos. Amamo-nos e eu quero, sinceramente, que seja para toda a vida. A diferença agora é que aprendi que o "para sempre" é apenas para sempre enquanto dura. O que não deixa de ser irónico, pois "para sempre" a inscrição que temos nas nossas alianças. Não perdi o romantismo, nem deixei de querer um amor para toda a vida. Mas agora sei que existem problemas que podem afectar a relação e, enquanto esses, podemos sempre tentar resolver, há ainda a possibilidade de um dos elementos do casal se apaixonar por outra pessoa. Porque isso nunca deixa de ser uma possibilidade. Por vezes, não se está à procura, mas há algo que cativa noutra pessoa. Podemos aperceber-nos e tentar contrariar isso, ou pode acontecer sem a pessoa se dar conta. E isso é o que mais me assusta. Porque aprendi (era uma coisa que não me parecia possível há anos atrás) que a partir do momento em que deixamos de amar alguém, nada do que a outra pessoa possa fazer vai mudar isso. Acho muito difícil voltar a amar alguém que já amámos durante tanto tempo, de quem já conhecemos tudo e de quem já nada podemos esperar de novo. Por isso, acho que hoje em dia tenho mais receio de perder a pessoa que amo do que quando era adolescente. Por outro lado, sei que tenho uma visão mais realista. Mas será que isso atenua a desilusão quando o amor se desvanece?

7 comentários:

  1. Na minha opinião... e no alto dos meus 32 anos digo que mesmo que uma pessoa se torne mais fria e mais realista (ou até fria) a desilusão com o passar da idade é maior.
    Eu era um romântico incurável... até que me curei.
    Mas o facto de uma pessoa saber que o para sempre é enquanto dura é meio caminho para a coisa não correr tão mal e aprender a viver e a dar valor o momento!

    O Leão

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  2. Pois, talvez parte de ser adolescente seja ultrapassar tudo muito mais depressa e com mais facilidade. Enquanto adultos, acaba por ser uma desilusão maior. Mas, sim, ter a noção de que pode não ser para sempre ajuda, penso eu. É como dizes, faz-nos dar mais valor! Não tenho ainda 32, mas tenho 27, que não anda longe :P

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  3. Acho que a desilusão é sempre enorme... vi os meus pais a divorciarem-se, já eram mais do que adultos, e testemunhei o quanto sofreram. Acho que a idade e a maturidade não mudam o quanto se sofre. Mudam, talvez, a maneira como nos comportamos face às separações, mas a dor acredito que continue a ser igual

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  4. Com 27 ainda és uma criança hehehe
    Mas sim... acho que a imaturidade da adolescência ajuda a passar mais depressa.
    Eu falando por mim desde que me separei nunca mais consegui voltar a gostar de alguém. Tomei a decisão de cabeça fria, consciente... Custou tanto... mas foi a decisão mais correcta. ;)

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  5. Ai, uma criança... ahah, são só 5 anos a menos que tu! ;)

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  6. A desilusão será sempre uma desilusão, depende depois da forma como a enfrentamos e como a vivemos. Pensar que cada dia é um dia e aproveitar ao máximo cada momento é o melhor dos pensamentos. Quer no amor, quer na vida. Se há coisa que aprendi (já lá vão dez anos) é que a vida não é nossa mas enquanto a temos é bom que a usemos bem.
    Ama e deixa que te amem, o que virá depois nunca saberás mas o que sentes agora, isso sim, tu sabes!

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  7. A do para sempre enquanto dura é uma visão extremamente inteligente. :) E, sim, eu acho que a visão realista atenua a desilusão quando o amor se desvanece. Isso, em conjugação com o amor próprio.
    Não quer dizer que não se fique triste, apenas acho que conseguimos entender facilmente que não é um fim do mundo e que o importante é continuarmos bem connosco e, no teu caso, com o teu mais-que-tudo (que tenho um feeling de que não é o marido. :D).

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